KINDER HABEN IN DEUTSCHLAND: 0 BIS 2 JAHRE
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Informação voltada a famílias brasileiras ou binacionais sobre a criação e educação de filhos na Alemanha
por Bianca Donatangelo, Camila Nobiling Urbanz e Cíntia Godoy
Período dos 0 aos 2 anos:
Os preparativos em casa
Cuidados práticos com o bebê
Alimentação
– amamentação
– a primeira “papinha”
Diferenças culturais
– pontos de conflito típicos
– chupeta e mamadeira
– banho todo dia (higiene)
– dicas de inverno
– sem televisão
– ritual do sono
Desenvolvimento
– atividades cognitivas e motoras
– o primeiro passo
– o choro
– a primeira palavra
Saúde
– Rückbildungsginastik para mães
– exames médicos
– vacinação
– glossário das enfermidades comuns nesta época
Integração
– contato com outros bebês
– “mãe diária”, creche ou kita
Coisas práticas para o bebê
São tantas coisas para se pensar quando o bebê está para chegar. De todos os lados e partes ouvimos conselhos e descobrimos coisas que devemos “realmente” ter: uma lâmpada para a noite, um kit de mamadeiras, chupetas, um determinado número de bodys, um carrinho de bebê leve, dobrável, etc. Mas será que precisamos de tudo o que os amigos e os anúncios publicitários aconselham?
Sem o objetivo de nos juntarmos à turma dos sábios conselheiros, fizemos uma lista de coisas práticas e básicas para o bebê. Buscamos assim ajudar você a preparar sua chegada e lembramos que o melhor conselheiro é sempre o bom senso.
DICA É sempre bom já ter algo preparado antes do nascimento do bebê. Primeiro porque isso evita estresse e compras apressadas e impensadas em uma hora em que o que mais se precisa é de sossego e segundo porque algumas crianças são mais apressadinhas que outras e nos pegam de surpresa mesmo!
Quarto do bebê Um quarto decorado e completo, com paredes em tom pastéis e móveis delicados – sem dúvida, uma ideia maravilhosa! Mas nem tão necessária assim quanto se pensa. No primeiro ano de vida, o bebê pode ter um cantinho no quarto dos pais, pois se passarão ainda muitas noites até que ele possa realmente gozar a tranquilidade do seu quarto. O mais importante em relação ao quarto é que ele seja arejado e iluminado, e que ninguém fume dentro ou perto do quarto.
Berço dobrável, acoplado, oval, quadrado, moisés? (Wiegen oder Stubenwagen) Tudo muito bonito mas nem sempre prático. Os berços moisés, por exemplo, bons para embalar o bebê, servirão na verdade como local de repouso somente por algumas semanas. Uma vez que, entre a 6ª e a 8ª semana de vida, o bebê se movimenta mais, ele precisará de espaço…
Assim, o melhor é comprar um berço comum onde se possa regular a altura da grade, para usá-lo por muito mais tempo. As grades devem ter um espaço máximo de 6,5 cm.
Colchão A variedade é enorme: de espuma, molas, fibras de coco, latex, com penas, anti-alérgico. Colchões de molas, por exemplo, não são bons para a estrutura frágil da criança. O melhor é se informar em lojas especializadas. E não esqueça de uma proteção impermeável para o colchão.
Saco de dormir ou cobertor Segundo muitos especialistas, o saco de dormir é a melhor opção. A gola do saco não deve ser maior que a cabeça do bebê para que ele não escorregue para dentro. O comprimento correto é calculado através do comprimento do corpo – menos a cabeça – mais 15 cm para que o bebê possa se mexer. Agora, se você prefere cobertor, tudo bem. Ele deverá ser leve e cobrir o bebê até a altura do peito. Além disso, o ideal nesse caso é colocar o bebê em uma cama onde os pés encostem no encosto da cama para que ele não escorregue para debaixo do cobertor.
O local para trocar o bebê (Wickelplatz) Um trocador não é indispensável. O bebê pode ser trocado em cima da cama ou até mesmo, no chão, utilizando para isso somente uma Wickelauflage (um colchão trocador de fraldas, por exemplo).
DICA Você deve organizar um canto em que todos os utensílios necessários como fraldas, lenços, cremes e paninhos estejam à mão, principalmente para que você não precise se afastar, devido ao risco de acidentes. Leve a sério a regra de manter uma mão sempre no bebê, pois há crianças que já antes dos 3 meses conseguem se virar.
Banheira Uma banheira de plástico pode ser encontrada em muitas lojas e até mercados. Há modelos com suporte, dobráveis, com trocador acoplado. Os baldes de banho (Baby-Bade-Eimer) são algo novo e prático. Fáceis de guardar, o bebê se sente protegido, sendo que mesmo que não pareça, você precisa mesmo assim segurá-lo.
Não utilize a banheira para lavagem de roupa. Ela deve ser mantida limpa e higienizada e sem restos de substância químicas.
Lista básica de utensílios para você ter em casa
Cesto de lixo específico para fraldas
Mamadeiras (para leite, se preciso, e mais tarde para chá, água…)
Escova para limpar as mamadeiras
Termômetro para banheira
Fraldas de algodão para limpar a boca do bebê, por exemplo
Alguns itens úteis para a higiene e saúde do bebê
Panos (tecido) para limpar o corpo
Panos umedecidos para a troca de fraldas
Creme contra assaduras
Óleo de bebê
Pente ou escova de cabelos para bebê
Tesourinha
Termômetro
Lenços de papel
Mínimo dois pacotes de fralda descartável (tamanho: 3 a 5 kg)
Enxoval básico
6 a 8 bodys de manga comprida e curta (tamanhos 50/56 e 62/68)
6 a 8 casacos (pulôveres) em dois tamanhos
6 a 8 macaquinhos em dois tamanhos
Calças de malha também são bastante práticas
Gorro de verão e inverno
Meias de tamanhos variados (4 a 6 pares)
Luvas (para o inverno)
Macacão para temperaturas mais frias
Babadores
Toalha de banho
Cobertor para sair
Colcha para engatinhar
Bolsa de bebê para poder sair de casa
Os bebês precisam de sapato?
Em princípio, não. Bebês começam somente no 9º ou 10º mês a se levantar. Mais ou menos a partir dos 12 meses, já podem começar a andar. Até lá, meias que não escorregam as chamadas Stoppersocken, são suficientes.
Há sapatinhos feitos de materiais impermeáveis para fora de casa. Os primeiros sapatinhos deve ser apropriados para aprender a andar, os chamados Laufschuhe, pois possuem uma sola bem flexível e ficam firmes no calcanhar.
A arrancada da primeira infância
Alimentação
Amamentar é simplesmente o melhor
O leite materno é o único alimento de que o bebê precisa até seu 6º mês de vida. Nada mais, nem mesmo água, é necessário para a nutrição e hidratação da criança durante os primeiros meses. Além de ser produzido com a devida abundância pela maioria das mulheres, ele é de graça e fortalece tanto o corpo do bebê quanto seu vínculo afetivo com a mãe. Estudos comprovam ainda que o aleitamento materno pode reduzir de modo considerável os riscos de doença e morte nas semanas após o nascimento da criança.
Cada recém-nascido desenvolve seu próprio ritmo de mamar, de forma que não há como pré-determinar o horário das mamadas. Entretanto, nas primeiras semanas de vida, é comum que a mãe tenha que “dar o peito” de 10 a 12 vezes a cada 24 horas – sendo que cada mamada dura de 10 a 45 minutos. Durante a noite, também é normal que os bebês queiram mamar uma ou mais vezes.
DICA Paciência e confiança: você pode dar uma mãozinha para seu bebê encontrar seu ritmo, acordando-o por exemplo a cada três horas e oferecendo o peito para ele mamar.
Atenção: não deixe seu bebê adormecer com o peito na boca. Para não ganhar fissuras nos mamilos, a mulher deve sempre mantê-los secos e, durante a amamentação, posicionar seu bebê direito junto ao peito (a melhor posição é quando você está sentada e segura a criança deitada, e quando a boca dela encobre sua aréola, com o queixo bem encostado no mamilo). Expor os seios ao sol pode ajudar na cicatrização de eventuais rachaduras nos bicos. Para evitar mamas empedradas (ingurgitamento) ou inflamadas (mastite), recomenda-se retirar manualmente o leite ou o excesso dele nas mamas. Caso as dores e sintomas típicos permaneçam mais que um dia, é preciso passar no médico.
Quanto mais você colocar seu filho para mamar, mais leite seu corpo produzirá. A saída do leite flui melhor quando você está relaxada e se alimentou bem. A cada vez que for amamentar, procure beber um copo de água, suco ou chá. Assim como na gravidez, a mulher que dá o peito não deve consumir álcool, fumo e outras drogas, nem tomar medicamentos sem consulta médica. Afinal, através do leite materno, o bebê ingere tudo o que a mãe consome.
Diante do peso e do comportamento do bebê, a parteira (que ainda faz visitas nas primeiras semanas depois do parto) atesta se a mãe está produzindo pouco leite. Devido ao alto risco na transmissão de enfermidades, a prática entre os alemães de procurar leite doado por mulheres em bancos de aleitamento materno caiu em desuso. Assim, se insuficiência ou outro problema for constatado, você deve buscar o leite em pó mais adequado para seu filho.
A variedade de marcas de leite em pó na Alemanha é imensa. E nem sempre o produto mais caro é o melhor. Tente coletar dicas com conhecidos, pesquise a opinião de especialistas e busque uma alternativa viável a longo prazo. Além de conter vitaminas e nutrientes como o cálcio, ferro, zinco, magnésio e iodo, há leite enriquecido com prébióticos (fibras), probióticos (bactérias saudáveis), LPC (ácidos graxos insaturados de cadeia longa) e o aminoácido taurina – somente para citar algumas possibilidades. Aconselha-se para bebês até os seis meses leite munido de taurina e LPC, que são essenciais para o desenvolvimento cerebral e visual. Crianças mais velhas, que já recebem papinha em paralelo, podem ser alimentadas com um leite mais simples e, consequentemente, mais barato.
Esterilize ou limpe bem as garrafas e bicos a serem usados, e também ferva a água a ser misturada com o leite em pó. Deixe resfriar antes de dar a mamadeira ao bebê, lembrando de seguir as instruções de preparo na embalagem do alimento substituto. E dê a mamadeira inicialmente no colo: alguns bebês se acalmam e bebem melhor se estiverem nos braços de alguém, recebendo sua atenção. Uma vantagem da alimentação pela mamadeira é que também o pai, avós, irmãos ou conhecidos podem assumir a tarefa de alimentar o bebê.
O leite do peito começa a “secar” sobretudo quando se introduz a mamadeira ou uma alimentação complementar – em geral, com recomendação profissional. Um bom momento para o chamado “desmame” é justamente quando a criança começa a fazer do peito uma chupeta. Na Alemanha, existem papinhas e mingaus somente para bebês a partir dos quatro meses de idade. Cabe aos pais decidirem qual é o melhor momento para apresentar novos alimentos para seu filho. A alimentação complementar deve ser oferecida com colher, começando com uma forma pastosa (purês) e, gradativamente, com uma consistência cada vez mais espessa.
A introdução da mamadeira e das papas (essas últimas, como dito, nunca antes dos quatro meses de vida) ajuda as mães que precisam ou querem ficar mais tempo longe de seu bebê, por exemplo, ao voltarem à rotina profissional. O leite materno pode ser bombeado para fora (idealmente após uma mamada e com ajuda de um aparato manual ou elétrico encontrado em farmácias, drogarias ou lojas especializadas) e armazenado sob temperatura ambiente de 17° a 25° por até 8 horas (na geladeira, o leite dura até 72 horas. Para esquentá-lo, faça banho-maria).
DICA Há bombas manuais (a partir de 10 euros) e elétricas (no mínimo 50 euros) para a retirada do leite materno do corpo da mãe.
DESMAME Entre os seres humanos, ao lado de fatores naturais e instintivos da mãe e do bebê, o fim do aleitamento também pode ser determinado por aspectos socioculturais. A Organização Mundial da Saúde recomenda a amamentação por dois anos ou mais, mas são poucas as mulheres que, passado o período mínimo de seis meses, seguem amamentando com exclusividade. O desmame, assim, pode ser abrupto ou gradual – o importante é que ocorra naturalmente, com flexibilidade e paciência. A própria criança pode recusar o peito se, no caso de uma nova gravidez da mãe, sentir um gosto estranho no leite. Além disso, o bebê acima de um ano começa a mostrar menor interesse nas mamadas ao passo que passa a querer e aceitar outros alimentos e líquidos, assim como novas formas de consolo.
Recomenda-se o desmame planejado através do qual, a cada 10 dias, uma papinha substitui uma mamada. É bem comum que os bebês mostrem estarem prontos para outros alimentos além do leite materno quando, à medida que você encosta a colher delicadamente em sua bochecha, eles abrem a boca. Em geral, as primeiras tentativas resultam em cuspidas. Isso é normal! A criança precisa de tempo para se acostumar com os novos movimentos da boca e com o novo paladar diante dos mingaus e papas de frutas ou legumes amassados. Especialistas recomendam oferecer, aliás, o mesmo alimento até 15 vezes ao bebê, em situações distintas e sempre com criatividade e paciência.
DICA Para que desperdiçar tempo na cozinha? Tire proveito da onda “bio” na Alemanha e adquira papinhas naturais (de marcas como Hipp) a preços acessíveis.
Qual o melhor momento de largar a chupeta?
Sabe-se que praticamente todas as crianças até os dois anos de idade adoram sugar; esse reflexo vai-se atenuando a partir de então, mas cerca de 35% das crianças de cinco anos ainda chupam chupeta ou dedo. Assim, o terceiro aniversário seria uma boa altura para se retirar a chupeta por completo da vida da criança. Mas como?
Aqui, de novo, pedem-se o bom senso, a sensibilidade, muita paciência e… imaginação! Na Alemanha, por exemplo, é famosa a fada da chupeta (Schnullerfee), que deixa um presente para a criança em troca de (todas) suas chupetas. O ideal é ouvir as dicas e experiências de outros pais para decidir sobre o melhor momento e o método ideal para cada criança.
Diferenças Culturais
“Tenho a impressão de que os brasileiros infantilizam demais as crianças, e os alemães querem que elas se
tornem adultas o quanto antes.”
Cláudia, brasileira e mãe de três filhos nascidos em Berlim
No tocante à educação infantil, diferenças entre a cultura brasileira e a alemã saltam à vista e podem ser motivo de conflito, principalmente para casais binacionais. Assim, vale a pena tratar essas diferenças com objetividade, entender suas razões e decidir em que situações é razoável que cada parte abra mão de seu ponto de vista – ou não.
Chupeta
Como quase tudo o que se refere à educação infantil, o uso da chupeta é polêmico: a vovó brasileira opina que ela deve ser introduzida o quanto antes, a enfermeira na maternidade alemã aconselha que o bebê só ganhe uma chupeta depois que o hábito de mamar no peito esteja bem consolidado… Qual o procedimento certo?
Relato de mãe brasileira em Berlim “Quando meu primeiro filho nasceu, tanto as enfermeiras na maternidade quanto a parteira que acompanhou seus primeiros dias de vida me aconselharam a não lhe dar chupeta antes que ele completasse seu primeiro mês de vida; por outro lado, minha mãe, que veio do Brasil para me ajudar nas primeiras semanas, não entendia isso e insistia para que eu desse uma chupeta a ele… Foi muito difícil para mim, pois ele queria mamar constantemente… Às vezes, até no meio da noite, eu colocava meu dedo na sua boca para que ele se acalmasse, sugando. Dois anos e meio depois, com o nascimento da minha filha, a situação foi bem diferente: ainda na maternidade, a enfermeira me aconselhou a oferecer-lhe uma chupeta para que ela se acalmasse e não pedisse o peito a todo momento. Não sei até que ponto a chupeta interfere na amamentação… Hoje, acredito que todas as opiniões estavam certas. Resta à mãe encontrar o caminho mais adequado a ela e ao seu bebê.”
Para ajudar nessa questão, apresentamos aqui alguns prós e contras do uso da chupeta:
VANTAGENS Quando o bebê nasce, o reflexo de sucção é muito forte e o desejo de sugar nem sempre é sinal de fome; a chupeta sacia essa necessidade sem que a mãe tenha de dar o peito a todo momento, sobretudo à noite. | A chupeta acalma o bebê e pode ajudá-lo a dormir (e uma noite tranquila de sono para a mãe é essencial). | O ato de sugar a chupeta ajuda a relaxar, sendo benéfico quando a criança sofre de cólica. | A chupeta, em certos casos, ajuda bebês prematuros que tenham dificuldade em pegar o bico da mamadeira ou do seio. | O uso da chupeta evitaria o hábito de chupar o dedo, que, além de oferecer maior probabilidade de deformações na arcada dentária, é mais difícil de se abandonar.
DESVANTAGENS Parece existir ligação entre o uso de chupetas e o abandono precoce da amamentação, mas essa causalidade não está comprovada. Argumenta-se que o uso de bicos diferentes (seio e chupeta ou mamadeira) pode causar confusão no bebê e dificultar a amamentação; outro argumento é o de que a mama é menos estimulada a produzir leite quando o bebê não a suga com tanta frequência. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil recomendam a amamentação exclusiva, ou seja, que durante os primeiros seis meses as mulheres deem apenas o seio aos filhos, garantindo a eles os enormes benefícios do leite materno. | Estatísticas mostram relação entre o uso prolongado de chupeta e ocorrência de otites médias, ou seja, infecções de ouvido: o uso da chupeta parece propiciar a migração de infecções para a trompa de Eustáquio (passagem que liga o ouvido médio e a garganta). Para evitar isso, principalmente para bebês mais velhos, o uso da chupeta deve ser limitado à hora de dormir. | O uso da chupeta parece aumentar o risco de contaminações e infecções; o ideal é esterilizar a chupeta com frequência e carregar uma limpa, de reserva, ao sair de casa. | O uso prolongado de chupeta e o costume de chupar o dedo podem causar problemas no desenvolvimento dos dentes. | A chupeta na boca atrapalha a produção de sons e o desenvolvimento da fala nos bebês mais velhos.
Recomenda-se o uso moderado da chupeta: não oferecê-la a todo momento, sempre que o bebê chorar (há outras formas de se consolar uma criança), não permitir que crianças acima de dois anos tenham a chupeta na boca durante o dia e, o quanto antes, limitar seu uso à hora de dormir. Deve-se evitar, também, o uso de cordões e correntinhas longos para prender a chupeta em bebês, devido ao risco de estrangulamento.
Banhos diários
Alguns veem no banho diário uma marca registrada do brasileiro: o brasileiro autêntico toma banho todo dia… Seguindo essa lógica, o bebê brasileiro, ainda que more na Alemanha, deveria cumprir a mesma prática. Será mesmo?
As diferenças de hábitos higiênicos na Alemanha e no Brasil devem-se, sobretudo, às diferentes condições do clima e de saneamento desses dois países. Assim, o ideal é deixar o preconceito de lado e buscar entender as duas culturas. Compare as indicações sobre o banho do bebê aqui e além-mar:
Primeiro banho: quando e como?
Na Alemanha Enquanto o umbigo não estiver totalmente cicatrizado, o bebê não deve entrar na banheira. Nesse período, o famoso “banho de gato” é suficiente: um pano umedecido com água limpa, sem produtos. A região em volta do umbigo deve ser cuidadosamente higienizada com um cotonete úmido; em caso de vermelhidão nessa área, a parteira ou a/o pediatra devem ser consultados. Depois da queda do umbigo, o banho de banheira está liberado. Enche-se a banheira até a metade com água pura, em torno de 37 °C (medidos com um termômetro). A temperatura ambiente deve estar em torno de 23 °C; no inverno, portas e janelas devem estar fechadas, para evitar que uma corrente de ar resfrie o bebê.
No Brasil O primeiro banho do recém-nascido, já no hospital, acontece depois de constatada estabilidade dos sinais de vida (em geral, 24 horas depois do nascimento). Também não se recomenda o banho imediatamente depois do nascimento para evitar que a camada de gordura que recobre a pele do recém-nascido (vérnix caseoso) seja removida. A remoção do vérnix que não foi reabsorvido pelo organismo deve ser realizada somente 24 horas após o nascimento. Até que o umbigo caia, recomenda-se um banho de bacia, sem mergulhar o bebê e cuidando para não molhar o coto umbilical. Inicia-se a lavagem pelo rosto e pela cabeça, passando para o resto do corpo, sem esfregar a pele, para evitar lesões. Sabonetes e afins não são recomendados, pois seu uso pode alterar o pH da pele do bebê, tornando-a mais alcalina e aumentando as chances de infecções. A água deve ser fervida e resfriada até a temperatura do corpo (em torno de 36,5 °C), para não haver perda de calor. A temperatura ambiente deve estar em torno de 22 ºC.
E com que frequência dar banho?
Na Alemanha Recomenda-se a limpeza diária do bebê com um pano umedecido. Como a pele do bebê ainda é muito sensível, e a alcalinidade da água na Alemanha é alta, recomenda-se dar banho no recém-nascido apenas uma ou duas vezes por semana, sem produtos. Com a idade, a frequência de banhos também aumenta. No início, a duração do banho é de 3 a 10 minutos. Mas o banho diário do bebê também não é proibido. O importante é que os pais e o bebê tenham prazer na hora do banho e dos cuidados após o mesmo, na aplicação de creme hidratante com massagem, brincadeiras com os pezinhos do bebê, etc. Especial atenção merecem as crianças com tendência a pele seca ou neurodermatite: nesses casos, aconselha-se o uso de sais de banho umidificantes e de cremes hidratantes (alternativa mais natural: azeite de oliva) após o banho.
No Brasil Para o recém-nascido, após a queda do coto umbilical e durante o primeiro mês, a frequência de banhos é de três vezes por semana. Nos períodos de muito calor, recomenda-se o banho diário para conforto do bebê, embora não seja obrigatório. Ideal é o banho com água pura, mas se você quiser usar sabonete, escolha o neutro, sem qualquer aditivo ou odor, para não alterar a função da pele. Com a idade, a frequência de banhos e o uso de cosméticos pode aumentar.
Dicas para um banho tranquilo
Para o primeiro banho em casa, o ideal é a presença de dois adultos – geralmente, a parteira que faz o acompanhamento do bebê nos primeiros dias marca uma visita em que será feito isso.
Na banheira ou no trocador, mantenha sempre pelo menos uma das mãos segurando a criança, para evitar acidentes como afogamento ou queda.
Antes de começar a despir o bebê, certifique-se de que tem tudo à mão: termômetro, toalha, cremes, fraldas etc.
Não dê banho se o bebê está com fome.
Procure conhecer seu bebê e descobrir se ele é do tipo que relaxa ou do tipo que se excita com o banho.
No inverno, vale aquecer a toalha colocando-a em cima do corpo de calefação.
Televisão e eletrônicos
Enquanto para alguns brasileiros o tamanho e a quantidade de aparelhos eletrônicos são indicadores do nível sócio-econômico da família (quanto maior a TV, maior o status social), para muitos alemães a ausência de televisor numa casa, por exemplo, é prova de alto nível cultural da família. Para ilustrar a diferença: na Europa Central, a maioria das crianças de 2 a 4 anos são expostas a tevê ou vídeo (DVD) de 0,5 a 1 hora por dia, enquanto que nos EUA esse valor é de cerca de 2 horas diárias. No Brasil, pesquisa da Fundação Ibope realizada em 2014 constatou que crianças a partir de 4 anos passam cerca de 5h35min. diários em frente à televisão, superando o número de horas em que uma criança permanece na escola.
Quanto ao acesso das crianças à TV, vídeo e outros eletrônicos é preciso bom-senso e moderação. Aqui vão alguns pontos para se refletir:
– Sobretudo até o segundo aniversário, a criança necessita de experiências concretas e tridimensionais, e não constrói conhecimento assistindo à televisão ou a vídeos.
– Cada minuto passado com eletrônicos é tempo em que a criança não está se relacionando com outras crianças ou adultos, não está desenvolvendo todos os seus sentidos (tato, olfato, paladar), sua motricidade nem suas capacidades sociais.
– A criança segue o exemplo dos pais: se estes ocupam-se muito com aparelhos eletrônicos, as crianças também o farão, não importando o que os adultos digam.
– Se os pais querem ou precisam que seus filhos assistam à televisão, devem cuidar para que o programa escolhido seja adequado à faixa etária da criança, e devem assistir ao programa juntamente com a criança pelo menos uma vez, observando suas reações.
– Os eletrônicos impedem a criança de exercer uma “atividade” extremamente importante para seu desenvolvimento cognitivo e psíquico: o ócio, a oportunidade de não fazer nada de vez em quando.
“A natureza é sempre mais adequada às crianças do que a televisão.”
Remo H. Largo
Curtindo o inverno
O inverno na Alemanha é longo… Mesmo para quem não gosta de sair no frio, é inevitável dar pelo menos uma voltinha com o bebê nessa estação do ano. Crianças e bebês precisam de ar puro, e muitos bebês dormem muito mais tranquilamente fora do que dentro de casa, onde o ar é muito seco devido à calefação. Além disso, estar ao ar livre fortalece o sistema imunológico, e a luz do sol, ainda que escassa nessa estação, é necessária para a produção de vitamina D, importante para o crescimento dos ossos.
Sabendo disso, não se assuste com o hábito de alguns alemães de deixar o bebê empacotado em seu carrinho, em temperaturas abaixo de zero, do lado de fora de casa, do café ou do restaurante. E não deixe de sair diariamente por pelo menos meia hora com seu bebê, independente do frio.
Aqui vão algumas dicas para que o frio não se torne um empecilho ao lazer:
-Procure aderir ao “visual cebola” (Zwiebel-Look), ou seja, vista seu bebê com uma “camada” de body de manga comprida e meia-calça, outra de calça e blusa ou macacão, e em cima disso o macacão de neve (Schneeanzug). Se necessário, dependendo do macacão, vista também meias de lã, luvas, cachecol e toca. Use sempre uma toquinha de algodão embaixo da toca de lã ou do capuz. O rosto deve ser protegido com uma camada fina de creme (Wetter- und Schutzcreme), à venda nas drogarias.
-Na dúvida, vista seu filho sempre com uma camada a mais do que você mesma/o, pois bebês perdem calor rapidamente. Se perceber que o bebê está suando (nas costas, na cabeça), tire uma camada de roupa. Ao entrar em locais aquecidos (loja, restaurante), abra ou tire o macacão de neve, as luvas e a toca.
-Em temperaturas abaixo de zero, use um cobertor de lã, de fleece, o Fußsack (saco com zíper) ou a pele de cordeiro no carrinho. Importante é aquecer a parte de baixo do carrinho, onde ficam as costas do bebê. Uma boa ideia é aquecer o carrinho com uma bolsa de água quente, antes de deitar o bebê.
-Ao sair com o Tragetuch ou o canguru, vista o bebê mais levemente, e use você uma jaqueta larga para aquecê-lo por fora. Uma opção são os acessórios de inverno para Tragehilfe ou mesmo um cobertor amarrado ao pescoço e na cintura do adulto.
-Dentro de casa, cuide para que seu bebê não esteja aquecido demais e para que haja sempre ar puro. Ventile o ambiente regularmente.
-Na cama, é importante que o bebê não transpire e não corra o risco de se sufocar com cobertas. O ideal é o uso de um saco de dormir (Schlafsack). A temperatura ambiente à noite deve ficar em torno dos 18° a 19°C.
Prepare-se bem e não deixe de frequentar parques, parquinhos, piscinas públicas, cafés infantis (Kindercafés), museus, cafés, lojas etc. com seu bebê. Procure os grupos de pais e filhos (Krabbelgruppe), os cursos de massagem para bebês ou Pekip e encontros de lactantes (Stiltreffs) oferecidos por maternidades ou centros familiares (Nachbarschaftsheim), além de cursos de esportes para pais e filhos nas associações esportivas (Sportvereine) e muito mais!
Consulte a prefeitura de sua região e demais páginas com dicas de passeios e atividades culturais (por exemplo: www.kinder-kalender.de).
Rückbildunggymnastik | Ginástica de regresso, o que é isso?
Depois de algumas semanas, quando o corpo se recuperou um pouco do parto, deve-se lentamente começar com a ginástica de regresso (Rückbildungsgymnastik).
Os exercícios, conhecidos como exercícios de Kegel em português, são normalmente simples e servem para ajudar o fortalecimento dos músculos da pelve ou músculo pubococcígeo, conhecido como PC e que se estende desde o osso púbico até o cóccix e apoia os órgãos pélvicos.
O mais importante agora, antes de se preocupar com as gordurinhas extras, é lentamente reativar e fortalecer os músculos do assoalho pélvico, que durante a gravidez e o parto são extremamente dilatados e sobrecarregados. O fortalecimento desses músculos poderá evitar problemas futuros como incontinência, dor abdominal e prolapso uterino.
A partir da 6a semana depois do parto, você já pode começar um curso. Os planos de saúde pagam normalmente dez horas, ou seja, dez sessões. Você pode fazer as sessões no consultório de uma parteira, fisioterapeuta, em casas de parto e, até mesmo, nos famosos Mutter-Kind-Gruppen (grupo de mãe e criança) sob a orientação de uma parteira.
Schlafen | A importância do sono
Você sabia que seu bebê encontrará um ritmo mais regrado para as sonecas somente depois de 4 a 6 semanas? Além disso, a necessidade de sono varia de criança para criança. Entre os recém-nascidos, há aqueles que dormem apenas de 10 a 12 horas e aqueles que precisam de 18 a 20 horas.
Entre os bebês de até seis meses, é completamente normal e até mesmo vital acordar pelo menos uma vez durante a noite. Os pais cuja criança de até 18 meses dorme de 6 a 8 horas direto, sem despertar, podem se considerar sortudos – mas eles são a exceção.
Você pode facilitar o sono de seu filho à medida que implementa uma certa rotina, desde o começo. Bebês amam rituais, de modo que, se possível, recomenda-se colocá-los sempre à mesma hora e no mesmo local para descansar.
O cansaço dificulta o sono. Assim, tão logo seu filho boceje ou demonstre dificuldade em manter o pescoço firme, coloque-o na cama. Caso ele desperte, nem sempre vale a pena tirá-lo imediatamente do berço. Sente-se ao lado dele, acaricie-o. Pode ser que ele volte a dormir.
Ao deitar seu filho, ponha-o sempre de barriga para cima! Esta é a maneira mais segura de seu bebê dormir: com as costas para baixo, sem travesseiros, bichos de pelúcia ou demais apetrechos na cama. Além de ele respirar melhor e ter menos risco de engasgar assim, ele consegue virar a cabeça para o lado caso precise vomitar.
Nos primeiros meses, aconselha-se que o bebê durma no quarto dos pais, porém em uma cama separada. Isso é essencial, aliás, se um dos pais for fumante.
Em vez de cobrir seu filho com uma manta, ededrom ou cobertor, procure colocá-lo em um “saco de dormir” (Schlafsack).
Evite aquecer o quarto com calefação artificial, a não ser que a temperatura esteja inferior a 18° C. Você também não deve cobrir a cabeça nem as mãos de seu filho, pois tais extremidades do corpo o ajuda a regular sua temperatura. A propósito, jamais superaqueça a criança – basta lhe colocar uma “camada” a mais de roupa do que você põe em você. Apenas isso!
DICA Deixe seu filho de barriga para baixo somente quando estiver acordado, para que ele exercite seus músculos. Sempre, entretanto, mantenha ele na mira! A criança não deve dormir nessa posição, que apesar disso é importante para ajudar seu desenvolvimento motor e para minimizar o risco de plagiocefalia (quando o crânio do bebê tem alguma deformidade pela pressão que sofre em apenas um dos lados).
ATENÇÃO Contra a chamada “morte súbita de bebês” (Plötzlicher Säuglingstod), segundo os estudos mais recentes, deve-se tomar os seguintes cuidados:
• Dormir de costas no primeiro ano de vida
• Saco de dormir em vez de cobertor
• Dormir no quarto dos pais mas em cama própria
• Ambiente livre de tabaco (antes e depois do nascimento)
• Não deixar o bebê muito aquecido – sobretudo ao dormir!
Desenvolvimento
As atividades cognitivas e motoras do período
O desenvolvimento dos movimentos e pensamentos é muito intenso nos primeiros anos de vida de uma pessoa. Até os 2 anos, a criança aprende a falar e a andar. No processo, ela reconhece cada vez mais detalhes ao se relacionar com outras pessoas e o ambiente em torno de si. Cada bebê avança de sua maneira e em seu ritmo. Por isso, não se preocupe demais se o resumo a seguir ou outras pesquisas apontarem resultados que diferem um pouco do que apresenta seu filho:
Entre os recém-nascidos, os movimentos são descoordenados. É comum haver sacudidas e tremores repentinos devido à adaptação do sistema nervoso, ainda muito novo.
Dos 2 aos 3 meses, a criança já está com o pescoço firme e consegue mover a cabeça para visualizar o ambiente. Ela emite outros sons além do choro e pode sorrir quando balbuciada.
Até os 6 meses, após brincar muito com os dedos, o bebê já consegue pegar objetos com a mão e se entreter com eles. Ele também reconhece a mãe, às vezes o pai ou outra pessoa com quem convive, e começa a distinguir vozes e rostos familiares de desconhecidos.
Em torno dos 6 meses, o bebê que estiver deitado de barriga para cima consegue mexer bem ambas as pernas e braços. Ele começa a se virar, primeiro de lado, depois da barriga para as costas. É comum ainda que ele passe objetos de uma mão para a boca e os leve para a boca, o que requer atenção redobrada dos adultos. O bebê interage cada vez mais com o meio, inclusive emitindo as primeiras vogais, procurando os sons com o olhar e reagindo ao ser estimulado.
Aos 10 meses, a criança já começa a se sentar sem precisar tanto de apoio. Têm início também as primeiras tentativas de locomoção, seja engatinhando ou apoiando-se a algo para ficar de pé. Sua fonética já permite elaborar primeiras palavras. E sua coordenação já o permite arremessar objetos.
Por volta dos 12 meses, a criança consegue dar seus primeiros passos de forma mais independente, muitas vezes já se levanta sozinha e dispõe de uma inteligência motora mais aguçada. Ela observa bastante as coisas que segura, gosta de “procurar e achar” um pano ou seu brinquedinho. Nessa fase, o bebê já compreende de 50 a 100 palavras bem como mensagens simples vindas dos pais ou cuidadores.
Com dois anos, a criança já se movimenta com autonomia e segurança, fala cerca de 50 palavras, faz rabiscos com lápis no papel, sabe identificar quando questionada nariz, orelha e outras partes do corpo, brinca e interage com brinquedos e outras crianças. Seu mundo de fantasia é infinito. Quando não está dormindo, ela geralmente demanda atenção ou então se envolve sozinha com algo por cerca de 20 minutos. Na programação diária de atividades e “descobrimentos”, uma boa pedida é quando a mãe, com a criança no colo, lê para ela livros ilustrados (Bilderbücher) em voz alta, relacionando palavras com imagens com ajuda da ponta do dedo. Esse costume saudável para crianças nessa faixa etária é muito comum nas famílias alemãs.
O choro como forma inicial de comunicação
Todos os bebês choram. Alguns mais, outros menos. Nas seis primeiras semanas de vida é até mesmo comum que a criança chore cada vez mais, até quase três horas por dia. Após esse período, em geral, o choro começa a diminuir de frequência e intensidade.
Os bebês choram quando estão com fome, sede, sono, quando estão desconfortados, irritados, entediados, quando querem atenção e carinho, ou quando estão com a fralda suja.
Eles também choram devido a cólicas que os afligem principalmente nos três primeiros meses de vida, ou devido ao surgimento dos dentes, em geral entre os 7 e 12 meses de idade.
Perante um bebê esperneando, procure manter a calma e descobrir a possível causa do choro. Tente acalmar sua criança dando-lhe colo, olhando em seus olhos, cantando suavemente.
ATENÇÃO Jamais chacoalhe o bebê com movimentos bruscos! Isso só piora a situação.
Se você tiver a sensação que está prestes a explodir ou que o choro de seu filho é anormal, procure apoio com a parteira ou pediatra. Além disso, aproveite as dicas das chamadas “Schreiambulanzen”. Trata-se de repartições de aconselhamento para pais com bebês pequenos na Alemanha (confira endereços e telefones sob www.trostreich.de ou www.bke.de).
As primeiras palavras As crianças aprendem a falar em velocidades diferentes. No entanto, já ficou demonstrado que o desenvolvimento da fala apresenta uma determinada sequência. Aqui mostraremos apenas pistas ou momentos em que determinadas habilidades devem aparecer, até porque frequentemente as crianças vivenciam mais de uma etapa ao mesmo tempo, trocando de uma para outra. Em outros casos, as etapas do desenvolvimento da fala coincidem e não aparecem uma após da outra.
Até 1 mês de vida – chorar. A criança começa a entender os sentimentos com sua voz. | Dos 2 aos 3 meses – arrulhar: “rrr, grrr…” | A partir dos 3 meses – rir, sons vocálicos, brincadeiras com a voz (“a”, “i”), guinchar, chiar, murmurar, resmungar. A criança “responde” quando alguém fala com ela. Com cerca de 4 meses, ela já pode reconhecer o seu próprio nome. | Dos 6 aos 9 meses – tagarelar, cadeias de sílabas, um pouco mais tarde duplicação de sílabas: “da-da-dada”, “ba-ba-ba-ba”, “da-da”, “ba-ba”. Em brincadeiras de pergunta e resposta, a criança “responde” com sons e tons diferentes, e aos poucos forma as sílabas duplas. | Dos 9 aos 13 meses – as primeiras palavras, duplicação de sílabas com significado simbólico (fala de bebê): “Mama”, “Papa”, por exemplo, “nam-nam”. A criança acena quando quer dizer “Tchau”, bate palmas, quando está feliz, balança a cabeça para dizer “Não”. Ela compreende pedidos simples como “Dê a bola” ou reage a perguntas como “Onde está o papai?”. | Até os dois anos, a criança deve ter um vocabulário de mais ou menos 50 palavras. | Entre os 18 e os 24 meses, ela começa também a formar frases de duas palavras como por exemplo, “dá bola”, “menina vestido”, “mama vem”.
Quem muito ouve, fala mais rápido!
Aprender a falar é um longo caminho com várias etapas para o qual uma criança precisa estar madura e pronta. Como pais, não há como acelerar esse caminho mas há como apoiá-lo. Esse apoio se chama estímulo, estímulo e mais estímulo.
Despertando na criança o interesse e acostumando a criança com aquilo que será uma das suas maiores ferramentas para se expressar: a fala.
Dessa forma, dê ao seu filho oportunidades variadas de vivenciar a linguagem e utilizá-la – tanto em brincadeiras como também em afazeres diários.
Converse desde o início com o seu bebê. Mostre e explique o mundo com poucas palavras e frases simples. O que ele está vendo e o que está acontecendo nesse momento. “Agora a mamãe vai tirar sua fralda.” “O papai vai te pegar no colo.” “ A bola está rolando.”
Cante e o encante. Músicas, rimas e brincadeiras de roda sempre divertem o bebê. Repeti-las aumentam o divertimento. Não se intimide, e converse com o bebê em sua linguagem de bebê. Você mostrará a ele que ele está no caminho certo.
Leiam! Leiam muito e desde o início. Comecem com livros de ilustrações, mostrando-os e explicando o que estão vendo. Crianças gostam muito de animais, figuras e objetos do dia a dia. Quem é esse? O que é isso? O que ele está fazendo? Onde ele vive? Ele tem olhos, pelos, um rabo? Isso é vermelho ou amarelo?
E falando em línguas…
E falando em línguas não podemos esquecer de falar sobre o bilinguismo. Crescer com dois ou mais idiomas traz não somente vantagens práticas em nosso mundo globalizado, como também benefícios para o desenvolvimento cerebral da criança. Muitos estudos científicos afirmam que o bilinguismo favorece a inteligência, melhorando, até mesmo, habilidades cognitivas não relacionadas à linguagem. Comunicação, criatividade, sociabilização são alguns dos campos afetados pelo crescimento em um ambiente bilíngue.
Uma boa leitura sobre esse tema é o livro: “Mit zwei Sprachen groß werden: Mehrsprachige Erziehung in Familie, Kindergarten und Schule”, de Elke Montanari.
Saúde
Glossário das principais doenças infantis
alergias Allergien
candidíase Soor (Pilzinfektion)
cólica dos três meses Dreimonatskoliken (Regulationsstörung / Schreien)
conjuntivite Augenentzündungen
convulsão febril Krämpfe (Fieberkrämpfe)
diarreia, desinteria Durchfall
distúrbios do sono Schlafstörungen
dor de barriga Bauchschmerzen
dor de dente Zahnschmerzen
dores Schmerzen
estrabismo Schielen
falta de apetite Appetitlosigkeit
febre Fieber
flatulências Blähungen
hérnia umbilical Nabelbruch
laringotraqueobronquite Kruppsyndrom (Pseudo-Krupp)
problemas de pele Hautprobleme:
• Gneis und Milchschorf – crostas no couro cabeludo
• Windeldermatitis – eritema das fraldas
• Neurodermitis – dermatite atópica
prisão de ventre ou constipação intestinal Verstopfung
resfriado ou constipação (nasofaringite ou rinofaringite) Erkältung (grippaler Infekt)
vômito Erbrechen
As consultas preventivas: os famosos 11 exames “U”s
O
programa das consultas e exames preventivos é uma das medidas mais sensatas e efetivas do sistema de saúde alemão.
Há uma série de distúrbios de desenvolvimento que somente o pediatra pode reconhecer. Nenhum problema, por mais grave que pareça, torna-se tão grande de uma hora para outra, contudo, se não reconhecido a tempo, a chance de cura ou melhora pode diminuir bastante.
Essa é a grande razão dessas consultas. Não deixe de fazê-las!
Uma outra vantagem das consultas é a vacinação. Normalmente, as vacinas já são dadas nas consultas e, assim, você resolve dois problemas: os exames e as vacinas.
A experiência mostra que a maioria dos problemas de desenvolvimento pode ser combatida quando reconhecida a tempo. Infelizmente, nem sempre os pais levam as consultas a sério ou as fazem apenas no início. As consultas e exames preventivos são gratuitos e possibilitam um crescimento saudável da criança já que acompanham seu desenvolvimento em determinadas fases da vida.
A caderneta de exames Já no hospital ou no U1, a criança recebe uma caderneta amarela – o Untersuchungsheft – onde será documentado o seu desenvolvimento e constarão os resultados das 10 consultas que devem ser feitas desde seu nascimento. Tenha esse caderninho sempre com você durante as consultas. Pergunte o que será examinado e conte para o médico as suas observações.
U1: primeiro exame no recém-nascido
Nos primeiros minutos de vida, será feito o teste do Apgar no seu filho. Esse teste é internacional. Depois disso, serão avaliadas as principais funções vitais como respiração, batimentos cardíacos, aparência da pele e os reflexos. Não se preocupe: até mesmo bebês saudáveis precisam, às vezes, de um pouco de tempo para se recuperarem do nascimento. Se foi um parto de risco, serão feitos exames extras. Todos os recém-nascidos têm também direito a uma avaliação auditiva de recém-nascido (Neugeborenen-Hörscreening) para detectar um possível problema de audição. Esse exame deve ser feito nos primeiros três dias de vida.
U2: do 3º ao 10º dia de vida
O U2 é feito, em regra, ainda no hospital, antes de você ir como o seu bebê para casa. Além dos exames rotineiros é feito também um exame de sangue para a identificação precoce de distúrbios de metabolismo (Früherkennung von Stoffwechselstörungen). Perturbações no metabolismo que não são descobertas a tempo podem ocasionar danos no sistema nervoso e/ou em órgãos, ou então, problemas de desenvolvimento. Sendo descobertos precocemente, há como tratá-los.
No U2 é feita a orientação para a prevenção do raquitismo (Rachitis-Vorbeugung) através de vitamina D e prevenção de cáries através de flúor (Fluorid). Ainda, você será orientada sobre a necessidade ou não da vacina TBC. O exame auditivo pode também ser feito nessa consulta, assim como, pode ser refeito um segundo teste caso o primeiro tenha apresentado resultados insatisfatórios. O exame de ultrassom das articulações do quadril (Ultraschalluntersuchung von Hüftgelenke) que deve ser feito no U3 já será também encaminhado ou marcado no U2.
Perguntas para o U2
Você se recuperou bem do parto? Há dificuldades para amamentar? A criança demonstra que está com fome (procurando o peito o tempo todo, chorando demais)?
U3: na 3ª à 5ª semana de vida
Nesta consulta, os órgãos e o desenvolvimento corporal do bebê também será minuciosamente examinado. Será dada bastante atenção à alimentação e ao peso, os movimentos apropriados para a idade, contato visual e reação dos olhos e audição. O ultrassom das articulações do quadril também é feito, caso já não tenha sido realizado no U2. Novamente será verificado se a avaliação auditiva foi feita e, exames com resultados duvidosos serão repetidos.
Em muitos casos, esta é a consulta onde os pais conhecem o pediatra que cuidará do bebê ao longo dos anos. Assim, é importante que haja confiança e compreensão mútua já que a família e o médico devem trabalhar em conjunto. Observações sobre o comportamento social e emocional da criança e dos pais é bastante importante nessa idade. Aqui, pais receberão também orientações sobre possibilidades de aconselhamento e ajuda, se necessário.
Perguntas para o U3
Há dificuldades para amamentar ou alimentar com a mamadeira? O bebê anda muito quieto? O bebê contrai-se ou faz movimentos involuntários com frequência? O bebê já faz contato visual com você? Você consegue acalmar o bebê em seu colo quando ele chora muito? Você consegue fazer pausas para descansar durante o dia? Você está se sentindo muito cansada ou desanimada? Além de você, há outras pessoas que ajudam nos cuidados com o bebê?
U4: do 3º ao 4º mês de vida
O desenvolvimento físico e mental será avaliado. O médico prestará atenção à coordenação motora do bebê, à sua capacidade auditiva e visual. Como reagem os seus olhos? Há sinais de estrabismo? O bebê pode acompanhar objetos com os olhos? Ele faz contato visual? Ele pode segurar um brinquedo nas mãos? Além disso, serão feitas perguntas sobre alimentação e digestão.
No U4 são também aplicadas vacinas. Normalmente, os bebês recebem a segunda dose da vacina contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus Influenzae B, poliomielite, hepatite B e pneumocócica. Normalmente, já é marcada a próxima consulta para vacinação.
Perguntas para o U4
Há dificuldades para amamentar ou alimentar com a mamadeira? Você conseguiu encontrar uma boa rotina com a criança? Você está satisfeita com o sono do seu filho? O bebê tem dificuldades para dormir? O bebê chora muito e é difícil acalmá-lo? Em caso positivo, por quanto tempo ele costuma chorar sem parar? Você se sente frequentemente sobrecarregada por causa do choro? O bebê começa a chorar muito quando você o coloca na cama, por exemplo?
U5: do 6º ao 7º mês de vida
Nessa consulta, o médico novamente verificará se a coordenação motora e as habilidades do bebês correspondem à sua idade. Quando está de bruços, o bebê pode se apoiar com as mãos abertas? Ele consegue pegar e segurar brinquedos? Ele pode se virar de bruços sozinho? Vocês conversarão sobre a alimentação com leite e as primeiras papinhas. E mais uma vez, será verificado o status da vacinação e serão aplicadas vacinas que eventualmente ainda não foram dadas.
Perguntas para o U5
A criança fica frequentemente com as mãos fechadas? Você tem a impressão que o bebê é estrábico? O bebê come de uma colher? Há problemas para alimentá-lo? Você tem a impressão que ele sabe quando está com fome ou satisfeita? Dorme a noite inteira (de 6 a 8 horas)? Ele chora frequentemente sem razão? O seu bebê precisa de muita ajuda para adormecer a noite ou durante a madrugada quando acorda? Você se sente frequentemente sobrecarregada ou esgotada? Além de você, há outras pessoas que ajudam nos cuidados com o bebê?
U6: do 10º ao 12º mês de vida
Além da saúde em geral, agora analisa-se as novas etapas do desenvolvimento que o bebê já deve ter alcançado nessa fase: engatinhar, se levantar segurando em móveis ou os primeiros passos segurando as mãos de um adulto. A audição, visão, fala e o comportamento do bebê são também avaliados. O programa de vacinação continuará. Especialmente importantes são, agora, as vacinas contra sarampo, papeira (caxumba), rubéola, varicela, assim como meningite meningocócica C. Aproveitem para já marcar horário para o reforço das vacinas.
Perguntas para o U6
O seu filho tosse frequentemente? Você percebeu algo estranho ou diferente em sua pele? Ele ou ela já caiu alguma vez da cama, do trocador, na escada, por exemplo, ou já se queimou? Há algum problema com alimentação? Demonstra problemas para adormecer ou dormir a noite toda? Você já ficou realmente brava com o seu filho?
U7: do 21º ao 24º mês de vida
A criança já saiu da fase de bebê nessa consulta. Em um ano, ele ou ela se desenvolveu muito e isso será agora avalidado pelo médico. Por exemplo, movimentos corporais como andar, abaixar, se levantar, funções como a visão, audição e a fala e também as habilidade sociais. Mais uma vez, o médico controlará a carteira de vacinação.
U7a: do 34º ao 36º mês de vida
No fim do terceiro ano de vida, seu filho ou sua filha terá mais uma consulta minuciosa. Como se desenvolveu a parte motora e mental? O médico analisará com bastante atenção o quão bem ele ou ela vê e ouve, e como a fala e a compreensão se desenvolveram. Ele perguntará se você percebeu algo estranho ou diferente no desenvolvimento ou comportamento da criança. As vacinas serão conferidas novamente.
U8: do 46º ao 48º mês de vida
Seu filho ou sua filha desenvolveu-se incrivelmente até aqui ou há algo que não parece estar muito em ordem? Algo que talvez você não tenha percebido? O médico fará um exame completo e se houver a necessidade de algum tipo de ajuda, tranquilize-se, nessa idade pode-se fazer muito ainda.
U9: do 60º ao 64º mês de vida
Logo, aquele bebezinho irá para a escola. Está tudo bem? O seu desenvolvimento intelectual? Sua coordenação motora? Audição, visão, fala? Suas habilidades sociais? Possíveis distúrbios ainda podem ser corrigidos. Muito importante antes da entrada na escola: a renovação das vacinas.
J1: dos 13 aos 15 anos de vida
Este exame extra para adolescentes é voltado para o desenvolvimento e a saúde física e para questões relativas à puberdade, além do desenvolvimento psicossocial. Preocupações escolares e outros problemas podem ser levantados. E se for necessária algum tipo de ajuda, há como e onde procurá-la. A vacinação será mais uma vez refeita, terminando o procedimento contra sarampo, papeira (caxumba), rubéola e varicela (Masern, Mumps, Röteln, Windpocken), assim como meningite.
DICA Depois do exame U9, muitos planos de saúde pagam uma nova consulta a cada dois anos,. Informe-se e aproveite essa oferta.
Vitaminas D e K: todo bebê precisa delas
Raquitismo é uma doença causada pela falta de vitamina D. A substância óssea enfraquece e o esqueleto se deforma. Na Alemanha, a doença já quase não existe mais, desde que os bebês começaram a tomar vitamina D como suplemento. Em adultos, a vitamina é formada através da luz do sol; bebês, no entanto, nem sempre conseguem produzi-la.
Da segunda semana até mais ou menos o 12º ou 18º mês, dependendo da data de nascimento, os bebês devem tomar, todos os dias, 400 a 500 unidades de vitamina D. Prematuros tomam uma dose maior no primeiro inverno.
Não resolve o problema deixar o bebê tomar sol para não dar a vitamina. Pelo contrário, isso pode ser perigoso para sua pele sensível, já que ele deve ser protegido de queimaduras de sol e insolação. No entanto, sair com o bebê para passear todos os dias é, sem dúvida alguma, um hábito saudável. Ar livre sempre faz bem.
No caso da vitamina K, sua falta pode levar a complicações nos bebês, inclusive com sangramentos cerebrais perigosos. Para evitar isso, os bebês recebem, em regra nas primeiras três consultas preventivas, uma dose de vitamina K em gotas, cada uma delas com 2mg.
Quando o bebê vem ao mundo muito cedo ou com baixo peso
Cerca de 7% dos bebês nascem com peso abaixo da média, ou seja, com menos de 2.500 gramas. Isso acontece se eles forem prematuros – nascidos antes da 37ª de gestação – ou devido aos chamados Mangelgeburten (nascimento com tamanho abaixo da idade gestacional), o que significa que o bebê nasce no tempo certo, mas sem a maturidade necessária.
Causas para esse tipo de nascimento podem estar em doenças da mãe, algum tipo de sobrecarga ou o consumo de tabaco, álcool ou drogas durante a gravidez. Causas para nascimentos prematuros são, em regra, contrações precoces, descolamento da placenta, problemas no colo do útero ou gestação de gêmeos.
Um bebê nascido nessas condições pode apresentar uma série de distúrbios, entre eles problemas de respiração, alimentação ou na regulação da temperatura corporal, alterações no metabolismo, facilidade para infecções ou icterícia (Neugeborenen-Gelbsucht).
A medicina moderna e suas possibilidades de tratamento e cuidados conseguem dar boas chances a bebês prematuros. Até mesmo crianças que nascem com cerca de 600 gramas podem sobreviver e ter uma vida normal mais tarde (normalmente, os prematuros alcançam o desenvolvimento de outras crianças já nos primeiros anos de vida). O importante é que, na clínica em que seu bebê nasceu ou vai nascer, exista um time interdisciplinar de obstetras, anestesistas e pediatras. O ideal, caso haja tempo para escolha, é uma clínica com UTI para prematuros.
Enquanto o bebê estiver no hospital, você deverá visitá-lo diariamente e o máximo que puder. O contato com a mãe é fundamental nesse momento. Havendo a possibilidade, procure assumir cuidados como troca de fraldas e alimentação (se possível, com leite materno). As UTIs para prematuros ainda procuram estimular o desenvolvimento com o chamado método canguru (Känguru-Methode), no qual os bebês são retirados do berço e colocados no peito da mãe ou do pai, sendo aquecidos e protegidos por uma pele de cordeiro (Lammfell). Até mesmo as enfermeiras da estação utilizam esse método, naturalmente quando o tempo permite. A experiência mostra que esse método promove o desenvolvimento do bebê.
Crianças que não precisam mais de ajuda para respiração e ganharam peso podem ir para casa – naturalmente, se lá puderem receber todos os cuidados necessários. O bebê já deve poder se alimentar sozinho, ou seja, mamar sem ajuda.
Não há um peso ideal para receber alta do hospital. As condições gerais são decisivas. Antes da ida para casa, os pais devem se informar sobre todos os cuidados necessários. O médico dirá se a criança precisa receber assistência em um centro de integração precoce (Frühförderzentren). Esses centros possuem tratamentos para doenças e distúrbios já existentes ou não. Quanto mais cedo a criança receber ajuda, maiores suas chances de melhora ou cura.
Não há como dizer quando o bebê prematuro alcançará o desenvolvimento físico e mental de outras crianças. Frequentemente, ele precisará de um ano ou mais. Em casos mais graves, isso poderá se estender até a idade escolar. É preciso ir às consultas médicas regulares e, em alguns casos, a consultas extras. De qualquer maneira, essas crianças precisam de cuidados especiais e completos desde o início, além de incentivos individuais e do amparo dos pais. Problemas de comportamento e desenvolvimento também não são raros durante a idade escolar. Converse sempre com seu médico quando perceber algo diferente. Se necessário, ele os encaminhará para um centro onde a criança poderá receber uma ajuda adequada. Na internet e também em clínicas e consultórios há informações sobre grupos de ajuda.
Vacinação – proteção silenciosa e única
Mesmo diante de tantas discussões sobre os prós e os contras da vacinação, não há melhor proteção contra doenças infecciosas do que a vacina. O programa de vacinação sugerido pela “Comissão Permanente de Vacinação” na Alemanha (Ständige Impfkommission) procura evitar as seguintes doenças: difteria, tétano, coqueluche (tosse convulsa), poliomielite (paralisia infantil), meningite (infecção das membranas que revestem as meninges), epiglotite, meningite meningocócica do tipo C, pneumocócica, hepatite B, sarampo, papeira (caxumba), rubéola, varicela, assim como, rotavírus.*
Pais mais jovens precisam refletir sobre várias questões referentes à vacinação. Questões essas, que nem sempre são fáceis de responder. O tema “vacinação” é por isso, bastante importante, pois são divulgadas muitas informações falsas sobre a sua necessidade que causam somente preocupação e insegurança. Os principais motivos para ser contra as vacinas podem ser a desinformação sobre as doenças das quais protegem e a utilidade da vacina, assim como o medo de efeitos colaterais.
Na Alemanha, os pais não são obrigados a vacinar os seus filhos. Não há uma lei que os obrigue. Isso torna a informação ainda mais necessária para que se tome a decisão certa e que mais favoreça o desenvolvimento do seu filho.
Doenças da infância são frequentemente subestimadas Muitos pais pensam em algo simples, sem complicações e que simplesmente faça parte do desenvolvimento quando pensam nas “doenças da infância”. Sarampo, coqueluche, rubéola, entre outras “enfermidades de criança” podem, contudo e não raramente, acabar em complicações. Muitas pessoas carregam as consequências durante uma vida inteira, já que a medicina moderna nem sempre pode impedir ou curar tudo.
Algumas doenças são extremamente contagiosas e frequentemente surgem infecções em cadeia. Com isso, até mesmo pessoas que não foram vacinadas ou estão com as vacinas atualizadas, como os pais ou irmãos da criança, podem ser atingidos.
Vírus e bactérias não conhecem fronteiras Muitas doenças infecciosas, que raramente aparecem na Alemanha graças ao alto indíce de vacinação, ainda são frequentes em outros países. Em tempos de globalização e viagens internacionais, não há como negar o perigo de doenças já praticamente erradicadas em alguns países voltarem a ocorrer. Isso só pode ser evitado com a vacinação.
*Diphterie, Wundstarrkrampf (Tetanus), Keuchhusten, Kinderlähmung, Hirnhaut- und Kehlkofpentzündung (Hib), Infektionen durch Meningokokken C- und Pneumokokken, Hepatitis B, Masern, Mumps, Röteln, Windpocken und Rotaviren www.impfen-info.de
Perguntas frequentes
Quanto tempo as crianças estão protegidas de doenças através da imunidade passiva (Nestschutz)? Os anticorpos da mãe protegem os recém-nascidos de determinadas doenças. Isso vale, no entanto, somente para enfermidades que a mãe já teve ou contra as quais ela foi vacinada. Durante os primeiros meses, esses anticorpos vão desaparecendo aos poucos e, mais ou menos no fim do primeiro ano de vida, já não existem mais. Por isso é importante começar o quanto antes com a proteção através de vacinas, já que essa é a idade em que a criança mais apresenta chances de contrair essas “doenças infantis”. No caso da coqueluche, não há imunidade passiva. Já no caso do sarampo, papeira (caxumba) e rubéola, a vacina é dada somente com 11 a 14 meses, devido à imunidade passiva.
Nosso/a filho/a ainda é amamentado. Ele não está protegido de doenças infecciosas pelo leite materno? O leite materno possui anticorpos que não vão para o sangue do bebê, mas permanecem no aparelho digestivo e intestinal. Aqui eles ajudam, por exemplo, a evitar doenças do aparelho intestinal. Esses anticorpos, no entanto, não oferecem proteção contra as doenças acima mencionadas. Por isso, mesmo crianças que são amamentadas devem ser vacinadas.
A utilização da vacina sêxtupla ou “Hexacelular” (Sechs-Fachimpfstoffen) pode causar a chamada “morte súbita de nascituro” (Plötzliche Säuglingstod)?
Há algum tempo, pessoas contrárias à vacinação desconfiam de uma relação entre a morte súbita infantil e a vacinação, especialmente no caso da vacina sêxtupla. Exames minuciosos e análises dos casos existentes não encontraram, entretanto, qualquer relação entre a vacinação sêxtupla e a morte súbita. Os números comprovam que o número de bebês que sofreram esse mal – apesar do aumento da vacinação – diminuíram nos últimos anos. Essa vacina foi introduzida no ano 2000 e, até hoje, já foram vacinadas milhares de crianças. No mesmo período, o número de crianças atingidas pela morte súbita diminuiu continuamente. Essa redução pode ser explicada através de medidas preventivas, por exemplo, orientações para que o bebê durma de costas, para a utilização de sacos de dormir, assim como para que se evite fumar no quarto do bebê ou em locais da casa onde ele costuma ficar.
Integração
Creches, babás e jardins de infância na Alemanha
O sistema educacional alemão é bem diferente do brasileiro. A organização dos jardins de infância, por exemplo, é um enigma para muitos pais brasileiros aqui residentes. Algumas definições úteis para entender esse sistema:
Krippe: creche = estabelecimento ou grupo para crianças abaixo de dois anos, que pode estar integrado a uma Kita ou não.
Kita (abreviação de Kindergarten, Kindertageseinrichtung ou Kindertagesstätte): jardim de infância = estabelecimento para crianças entre dois anos e a idade escolar.
Vorschule: pré-escola, ou seja, preparação para o ingresso na escola, que pode ou não ser oferecido na Kita.
Tagesmutter: essa “mãe diária” é uma espécie de babá que cuida de crianças abaixo de 2 anos em casa, em grupos de até cinco crianças. Em Berlim, tem o mesmo status de uma Kita.
Jugendamt: Juizado da Infância e Juventude
Quem decide sobre os pedidos de vaga em creches ou jardins de infância é o Jugendamt da região. O procedimento de inscrição e os custos de uma vaga variam de estado para estado: em algumas localidades, os pais entram diretamente em contato com o Jugendamt e, em outras, o procedimento ocorre por intermédio do próprio estabelecimento de ensino. Em Berlim, por exemplo, os pais entram em contato com o Jugendamt, que lhes fornece um documento chamado Kita-Gutschein, em que está determinado o número de horas e o valor a ser pago pelos pais pela vaga. Informe-se através do site da sua cidade.
Em geral, com algumas diferenças entre estados alemães, as crianças podem ingressar na creche a partir dos seis meses de idade. A partir do primeiro aniversário, toda criança na Alemanha tem direito a uma vaga na creche ou Tagesmutter. A partir do terceiro aniversário, toda criança tem direito a uma vaga em um jardim de infância. Como o número de vagas é escasso, o ideal é inscrever seu filho o quanto antes em vários estabelecimentos.
Há Kitas públicas e particulares, religiosas ou não, que seguem determinada linha pedagógica (Montessori, Waldorf) ou que obedecem apenas a parâmetros da Secretaria de Ensino. Aqui vão algumas dicas para ajudar a escolher a melhor opção para seu filho:
– Faça uma listagem dos estabelecimentos próximos a seu domicílio e ligue para eles, marcando um horário para visita.
– Converse com o pediatra, a parteira, os vizinhos e com amigos e conhecidos de outras famílias, pedindo recomendações sobre as Kitas da região.
– Ao visitar o estabelecimento, atente para os seguintes critérios:
…Qual o horário de funcionamento? …O espaço é agradável, tem luz, os brinquedos estão em bom estado? …Como são os banheiros? …Quantas professoras são responsáveis por cada grupo? …Os funcionários (diretor, professores, etc.) são simpáticos? …Existe área própria ao ar livre (Garten)? …O parquinho (Spielplatz) mais próximo fica longe? …A comida é feita no local ou entregue por terceiros? …As crianças são levadas com frequência para fora? …Há divisão de turmas por idade ou não? …Qual a rotina das crianças?
– Procure informar-se sobre o conceito pedagógico adotado no estabelecimento e observar se está de acordo com ele. Faça perguntas durante a visita.
– Confie em seu instinto: você acha que seu filho gostaria de conviver com aquelas pessoas e passar horas nesse ambiente?
– Depois de escolher algumas Kitas, inscreva-se em várias delas e pergunte quando deve entrar em contato para saber se conseguiu a vaga. Não hesite em ligar várias vezes, mostrando interesse pela vaga.
Boa sorte!