Série Filhos na Alemanha – Período dos 6 aos 10 anos
Informação voltada a famílias brasileiras ou binacionais sobre a criação e educação de filhos na Alemanha
por Bianca Donatangelo
Série Filhos na Alemanha: Período 6 a 10 anos
In unserer Serie «Kinder haben in Deutschland» bieten wir Eltern aus Brasilien, die in Deutschland leben, einen Pool an Informationen auf Portugiesisch, um ihre Integration in der neuen Heimat zu erleichtern. Es geht nicht nur darum, Details zur medizinischen Versorgung nach einer Schwangerschaft zu erläutern, sondern auch Rechte zu erklären und Unterstützung leicht zugänglich zu machen. Diesmal: Periode 6 bis 10 Jahre.
Encerrando a infância com chave de ouro
Com 6 anos, se ainda não entrou, seu filho está prestes a entrar para a escola primária (“Grundschule”) na Alemanha. Além de o processo ser bastante especial no país, com direito a ritual que inclui apresentação festiva e o famoso “Schultüte” (ou “Zuckertüte”) – uma espécie de cone de papelão fino, decorado e recheado de pequenos presentes – a largada na vida escolar garante desafios novos e diversificados para as crianças, sobretudo as de família estrangeira.
Isso ocorre, em boa parte, devido ao idioma alemão. A língua local ganha muito mais espaço no dia a dia (inclusive, caso o alemão não seja o idioma falado em casa, as escolas oferecem um apoio especial – o “Deutschsprachförderung”).
“Em torno dos 6 anos as crianças descobrem as (pseudo-)injustiças do mundo levando os pais às vezes à loucura”
Mas há outras novidades que ocorrem praticamente de imediato neste período de adaptação para a família: horários e compromissos mais rígidos, influências diferentes, mais cobranças em geral. Tanto que, em termos de desenvolvimento social, as próprias crianças em torno dos 6 anos vivem a fase do “Isso não é justo!”. Parece que elas descobrem as (pseudo-)injustiças do mundo e botam para fora todo seu inconformismo – levando os pais às vezes à loucura. “A fulana pode assistir televisão até mais tarde e eu não!”, “Os adultos podem tomar refrigerante e eu não!” e por aí vai…
Esse comportamento (bastante normal, diga-se de passagem, haja visto que o menor nada mais faz que se revoltar perante as inúmeras violações e arbitrariedades que começa a compreender) é decorrente de uma remodelação do cérebro característica da idade. Tal mudança fisiológica não apenas desencadeia na criança emoções mais fortes (às vezes, até mesmo reações dramáticas), como também a acompanha durante sua saída gradual do mundo da fantasia rumo à realidade lógica e ao raciocínio.
Ao mesmo tempo, nesta fase, é comum que meninos e meninas se tornem mais ambiciosos. Quando querem vencer ou ganhar algo, geralmente o fazem a qualquer preço. Em certas ocasiões, alguns tendem a mentir ou a enganar. Nesses casos, como sempre, recomenda-se aos pais uma postura consciente, consequente e correta. No entanto, vale reiterar também que, conforme estudos científicos já apontaram, o suporte construtivo e um pouco de demanda dos pais impulsionam os filhos a desempenhos melhores.
De qualquer maneira, com o passar do tempo, as crianças vão ficando cada vez mais astutas em relação ao espaço e à linguagem, tanto corporal quanto falada. Elas querem (e devem!) participar mais das conversas dos adultos, a fim de aprender significados, coletar detalhes sobre fatos e desvendar eventuais contextos. Demonstre interesse e empatia pela curiosidade de seu filho, dando-lhe feedbacks positivos.
Outro avanço típico da idade: as crianças já conseguem se concentrar por cerca de meia hora em uma só atividade (essa média, embora varie bastante entre garotos e garotas, cresce pouco até os 10 anos). Jogos de tabuleiro, memória e cartas estimulam a concentração e ainda são uma excelente alternativa à televisão – a qual pode, da mesma forma que as demais telas (computador, tablet, celular…), liberar doses tão altas de dopamina nos menores, que os deixam inertes e, por consequência, desatentos e “desligados” do que se passa à sua volta (tendência que se expande pelo dia afora).
Música e esporte também são opções que favorecem o desenvolvimento sadio das crianças entre os 6 e 10 anos. Ainda que os pequenos já recebam estímulos preciosos simplesmente ouvindo música ou se mexendo 30 minutos todos os dias, as vantagens são bem maiores se eles, de fato, aprendem a tocar um instrumento ou a fazer uma atividade esportiva. A oferta nas variadas cidades da Alemanha tende a ser abrangente: busque por “Musikschulen” oder “Sportvereine”. E combine a isso uma alimentação balanceada com vitaminas, fibras e proteínas – que contenha a menor quantidade possível de doces, salgadinhos, frituras, enlatados, industrializados e fast food…
Com o passar dos primeiros meses na escola, em geral com aproximadamente 7 anos, seu filho pode vir a se mostrar mais medroso ou preocupado. Segundo especialistas, essa tendência é natural uma vez que as crianças começam a perceber que as pessoas e as coisas não são infinitas. À parte o receio de sofrer ou perder alguém querido por doença ou acidente, as crianças também (se) atormentam com extrema falta de paciência e uma certa pressão interna: aquele desejo exacerbado de fazer tudo melhor, chegar pontualmente, ser o primeiro, etc. O bom e velho truque aqui é conversar. O diálogo, realizado de maneira compreensível para o pequeno, pode lhe transmitir mais segurança ou tranquilidade, explicando-lhe um pouco do mundo e do ser humano. E se os temas não surgirem da própria boca de seu filho, ou de suas próprias ações, não faltarão opções e situações para desvendar e examinar: desde fauna, flora, quatro elementos e estações do ano até computadores, tecnologias e arranha-céus, passando por assuntos delicados como política, sexualidade e passado – as crianças se interessam por quase tudo!
Conflitos e desavenças não só devem ser encarados, como também esclarecidos. Sempre que possível, use e abuse da ampla variedade de livros infantis, disponíveis em livrarias ou bibliotecas alemãs. Eles ajudam as crianças a abordar e compreender determinados assuntos – assim como os pais! Por sorte, nesta fase, muitos menores desenvolvem o senso de humor, adorando piadas e narrações contadas com empolgação. Alguns despertam até mesmo para as ironias da vida…
Com consideráveis avanços na parte cognitiva, e também na coordenação motora, seu filho se torna cada vez mais independente por volta dos 8 anos. À essa altura ele já deve estar lendo, escrevendo e fazendo contas básicas. Além de conseguir sozinho ver que horas são, por exemplo, ele talvez já até saiba lidar com um pouco de dinheiro. E, da mesma maneira que ele demonstra uma necessidade aparentemente incontrolável de opinar sobre vários assuntos, existem situações em que ele sabe esconder sua insatisfação. Seu desenvolvimento linguístico é tamanho que os sentimentos passam cada vez mais a ser articulados em palavras: “Me deu a maior raiva dele”, “Estou tão feliz que a vovó vem nos visitar”… Os ataques, escândalos e choradeiras em público perdem espaço, pois a criança começa a sentir vergonha de se portar como mimada na frente dos outros.
Falando nisso, os últimos anos da primeira década de vida são marcados por amizades fortes. Seu filho descobrirá cada vez mais “sua turma” ou terá no “melhor amigo” a figura mais importante do momento – o que, direta ou indiretamente, eleva a pressão social em que vive. Desde a roupa a vestir até o uso de “smiles” para se comunicar, muitas escolhas passam a ser influenciadas pelo grupo. De forma semelhante, cresce o espírito de equipe de sua criança, o que deve ser estimulado pelos pais (sem esquecer aquela porção saudável de autoconfiança, necessária para ela se impor se realmente discordar de algo).
Não é raro ainda que sua criança se espelhe em celebridades, fazendo delas verdadeiros ídolos. Aqui compensa verificar (no início sempre e, com o tempo, periodicamente) o que o menor anda vendo na internet, televisão ou telefone. Afinal, não é mais tão incomum uma criança com seus 9 ou 10 anos ter acesso diário aos meios de comunicação.
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