Período Pré Natal / Grávida!
Casada ou solteira, quando a maternidade se anuncia, ela transforma a mulher da cabeça aos pés. Nos primeiros sintomas de uma gravidez (atraso da menstruação, enjoo, inchaço nos seios, cólica, cansaço, tontura, mudanças de humor e apetite), o melhor é não perder tempo. Você encontra testes caseiros (Schwangerschaftstest) em qualquer farmácia ou drogaria por cerca de 10 euros. Todos eles seguem o mesmo padrão, medindo o nível de hGC (gonadotrofina coriônica) através da urina. Outra opção é marcar uma consulta médica para um exame de sangue. O acompanhamento profissional desde o início de uma eventual gestação pode identificar problemas, por exemplo, uma gravidez tubária. Assim, diante da dúvida, procure seu ginecologista.
Mas qual médico procurar? Se você ainda não tem uma pessoa de confiança, procure nas listas de sua cidade ou bairro (Adressenverzeichnis) algum ginecologista ou obstetra próximo a você. Ou então converse com conhecidas, brasileiras ou não, para se informar sobre bons profissionais.
Escolha da parteira (Hebamme)
Na Alemanha, é muito comum os partos não serem realizados pelo médico ginecologista. Por isso, as gestantes acionam uma parteira. Trata-se de uma profissional importante para você durante e depois da gravidez. Assim, ela deve ser alguém com quem você possa se sentir bem e travar um bom contato. Antes de procurar uma parteira, pense naquilo que é relevante para você, sobre quais serviços atendem suas expectativas e de quais você poderia abrir mão. Por exemplo: é importante para você que a mesma parteira que acompanhou sua gravidez também esteja presente na hora do parto? Nesse caso, você precisa procurar uma “Beleghebamme” em um hospital próximo. Outro critério essencial é se você consegue contatá-la facilmente. No final da gravidez em particular, caminhos muito longos podem ser um verdadeiro estorvo. Peça indicações também a familiares, amigos e conhecidos. Pondere com calma e cuidado antes de se decidir, mas não espere muito. E se você ainda está planejando engravidar, por que não se informar enquanto planeja?
Nas chamadas Schwangerschaftsberatungsstellen (Serviços de Informação e Apoio à Gestação), a grávida recebe todo tipo de aconselhamento. A oferta é gratuita e está disponível em quase todas as grandes cidades e regiões (www.familienplanung.de).
Consultas e exames: Em sua primeira consulta médica como gestante, você receberá o “passaporte da mãe” (Mutterpass), um caderninho que deve acompanhá-la durante todo o período pré-natal, reunindo informações sobre o desenvolvimento de sua gravidez e do feto. O médico deve oferecer a você uma série de exames ao longo dos próximos meses, incluindo ao menos três ultrassons e várias análises do sangue. Para casos em que há indícios de possíveis deficiências ou doenças, também são feitos testes do líquido aminiótico ou até mesmo da placenta. Vale a pena se informar quais são os exames cobertos por seu seguro-saúde, bem como quais as vantagens e, sobretudo, riscos de cada um deles. É bom querer saber tudo sobre sua criança ainda na barriga mas, para isso, procure sempre um aconselhamento completo, pesquise em fontes diversas e reúna várias opiniões – até formar a sua.
Exame de ultrassom (Ultraschall-Untersuchung)
Há duas modalidades: o vaginal, que é feito no primeiro trimestre, e o abdominal. A principal função dos ultrassons é observar o desenvolvimento da criança na barriga da mãe. Assim, eles identificam em que semana de gravidez você se encontra, permitem estipular a eventual data do parto, controlam o batimento cardíaco e a formação dos principais órgãos no feto, detectam possíveis malformações, doenças ou síndromes genéticas, possibilitam uma análise do líquido aminiótico, da placenta, do peso e da posição do bebê, constatam se a gestação é de gêmeos e, por fim, ainda fornecem outros detalhes importantes que, dependendo do caso, podem complementar o resultado de exames mais apurados (Feindiagnostik).
Cursos de preparação para o parto (Geburtsvorbereitungskurs)
Ainda que esse não seja seu primeiro bebê, não é uma má ideia fazer um curso desses – prática comum na Alemanha a partir da 28a semana da gestação. Nas aulas, a gestante (acompanhada do parceiro ou não) recebe informações sobre a fisiologia da mulher, os primeiros sinais do nascimento e os cuidados básicos com o bebê. Um bom curso também a prepara física e mentalmente para o trabalho de parto, por exemplo, com técnicas de respiração e relaxamento. Via de regra, tais cursos são oferecidos para grupos de até 12 participantes e abrangem uma carga horária de 14 horas. O custos são pagos pelo seguro-saúde, quando coordenados por uma parteira reconhecida. O parceiro da gestante, entretanto, precisa pagar sua própria parte nas aulas – o que sai, em média, cerca de 80 euros. Sua participação no curso pode ser de grande ajuda, pois lhe dá uma noção melhor de como ajudar durante a gestação e na hora do nascimento. Aconselha-se concluir o curso cerca de 3 a 4 semanas antes da data prevista para o parto. Assim, informe-se a tempo junto à sua parteira, em revistas distribuídas gratuitamente, nas chamadas “Casas de Parto” (Geburtshäuser), em clínicas ou hospitais.
Aborto (Schwangerschaftsabbruch)
Na Alemanha, a interrupção da gravidez até a 12a semana é permitida por lei. Para isso, é preciso passar obrigatoriamente pelo médico e, em certos casos, por um psicólogo. Abortos depois da 12a semana são permitidos apenas sob indicação médica, isto é, quando o ginecologista constata uma ameaça para a vida ou riscos inevitáveis para a saúde física ou mental da mulher. Abortos realizados após a 16a semana não podem ser feitos por sucção ou curetagem, mas sim pela indução das contrações. A indicação médica para um aborto só pode ser feita depois de um aconselhamento completo, após o qual a gestante tem três dias para se decidir. Seu médico é obrigado a encaminhá-la para uma repartição pública específica (a “Schwangerschaftsberatungstelle”), onde você receberá acompanhamento psicológico. Abortos a serem realizados no período em que a criança já poderia viver fora do útero (a partir da 24a semana) exigem, por lei, mais requisitos e aconselhamentos. Em caso de necessidade, informe-se melhor com seu médico, sua parteira ou mesmo em um dos Serviços de Informação e Apoio à Gestação.
Alguns benefícios e subsídios para os futuros pais na Alemanha
Mutterschutz (Proteção à Maternidade)
A lei MuSchG assegura todas as gestantes que possuam algum vínculo empregatício (mesmo mulheres em estágio ou com ocupação mínima), atenuando ou impedindo riscos e excessos no local de trabalho, assim como prejuízos financeiros e perda do emprego durante a gravidez ou algum tempo após o nascimento. De acordo com essa lei, gestantes só podem trabalhar nas últimas 6 semanas antes da data estipulada para o parto se consentirem. Depois do nascimento, elas estão totalmente proibidas de trabalhar nas primeiras 8 semanas (no caso de gêmeos, 12 semanas). Entre outros benefícios, a MuSchG regulamenta o salário-maternidade (Mutterschaftsgeld), pago após requerimento junto ao seguro público de saúde (gesetzliche Krankenkasse). Caso você tenha um seguro-saúde particular ou um “mini job”, consulte a secretaria pública “Bundesversicherungsamt”. Já trabalhadoras autônomas devem se informar diretamente em sua “Krankenkasse”.
Elterngeld (Dinheiro dos Pais – Prestação parental)
Desde 2007 essa lei integra a Política Familiar do governo alemão. O “Elterngeld” é pago aos pais que, durante 12 ou 14 meses, se licenciam de seu emprego para cuidar do filho. Em suma, o cônjuge que fica em casa recebe 67% de seu salário líquido (sendo no mínimo 300 e no máximo 1.800 euros).
Para crianças nascidas a partir de julho de 2015, junto ao “Elterngeld” há também o “Elterngeld Plus”, que é pago por até 28 meses e permite prorrogar o tempo da ajuda estatal em combinação com um expediente reduzido no trabalho. A ideia é proporcionar um apoio diferenciado para adultos com bebês, sem a necessidade de seu completo afastamento da vida profissional.
Desse modo, existem agora dois auxílios – os quais podem ser combinados! Um mês de “Elterngeld” pode se tranformar em 2 meses de “Elterngeld Plus”. Assim, por exemplo, uma mãe ou um pai pode escolher se afastar completamente do trabalho por 6 meses, recebendo o incentivo “Elterngeld”, e depois disso trabalhar por meio-período ao longo de 12 meses, recebendo para tanto o “Elterngeld Plus”.
Além disso, ainda há o “Partnerschaftsbonus”, um adendo criado com o intuito de promover uma melhor divisão de tarefas na família: se ambos os pais requerem o “Elterngeld” e, ao mesmo tempo, trabalham de 25 a 30 horas por semana – por no mínimo 4 meses – eles têm direito de receber quatro meses extras de “Elterngeld Plus”, cada um.
Mães ou pais solteiros, empregados ou não, também podem requerer esses benefícios, desde que vivam com a criança e apresentem os requisitos necessários (entre outros, possuir cidadania europeia ou ter, como estrangeiro, residência fixa na Alemanha, visto de permanência ou residência e autorização de trabalho por tempo indeterminado).
O benefício deve ser requerido por escrito, logo após o nascimento da criança, junto ao “Elterngeldstelle” do bairro ou região. Requerimentos enviados fora do prazo só pagam os últimos 3 meses atrasados.
O Ministério da Família no país (www.bmfsfj.de) pode responder dúvidas e, inclusive, enviar brochuras informativas de graça para sua casa.
Elternzeit (Tempo dos Pais – Licença parental)
Esse benefício possibilita que um dos pais possa cuidar da criança em casa sem receber remuneração, mas com sua vaga assegurada quando retornar ao trabalho. Os pais podem tirar cada um até 24 meses de licença (no caso de casais, um total de 3 anos) até o 8o ano de vida da criança. O “Elternzeit” é um direito legal e o empregador, mesmo não concordando, precisa arcar com o benefício. Contudo, o apoio precisa ser requerido até 13 semanas antes do período em questão, se solicitado depois do 3o ano de vida, e 7 semanas antes, se a criança ainda não tiver três anos.
Direito de guarda (Sorgerecht)
Ambos os genitores possuem o direito e o dever de cuidar da criança. A guarda conjunta existe automaticamente quando os pais biológicos são casados no momento do nascimento da criança ou se casam depois do parto. Se os pais são solteiros e desejam a guarda conjunta, ambos devem fazer uma declaração formal a respeito (Sorgeerklärung) – com documento autenticado na Secretaria do Menor (Jugendamt) ou em cartório. Sem isso, a mãe terá a guarda sozinha – podendo, dessa maneira, ser a única a usufruir dos subsídios destinados à promoção das famílias. A guarda compartilhada ainda pode ser assegurada mediante decisão judicial (da “Familiengericht”). Desde 2013, o pai pode fazer um pedido de guarda junto à vara da família, mesmo sem o consentimento da mãe.
Métodos anticoncepcionais após o parto: Para evitar uma nova gravidez logo após o nascimento, os casais devem adotar um método de contracepção com cuidados redobrados. Pílulas convencionais e do dia seguinte, por exemplo, podem prejudicar a saúde da mãe e do bebê em fase de amamentação, afetando inclusive a produção de leite. O diafragma ou a espiral, por sua vez, só podem ser colocados cerca de três meses após o parto, quando os órgãos da mulher já retornaram à sua normalidade. Camisinhas também são alternativas neutras do ponto de vista hormonal, porém exigem uma aplicação segura e consequente. Já a crença popular de que, durante a amamentação de um bebê, a mulher não pode engravidar, é apenas uma meia-verdade e, de longe, não é garantia plena de proteção. Consulte sua parteira ou ginecologista para ponderar os prós e contras de cada método antes de se decidir. Mas decida logo!
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